sábado, 15 de maio de 2010

Morreram-me As Palavras

... e se o meu eu morrer de novo, assim estará certo, é porque assim quis, é porque assim aconteceu...




Morreram-me as palavras,
Perdição da cabeça denominada forte,
Dura e fechada á superficíe oculta.
Som informe,
Convulsa na tarde grave canta,
È já crespuscular o morto som ao mundo.
Minha perdição, ansioso dominío imenso.
Desnecessária é a legenda,
Tão forte é a imagem, tal é a litania do seu dominío.
A noção latente duma falta latente,
Chora,
Chora,
Chora,
Um atordoamento fulminante,
Eco remoto eco ... ( Morreram-me as palavras)
A letra incauta,
Letras vertentes, rumores aquosos,
insonoros,
Que a minha noite desagreda, o luto espreita ,
Esperança ciosa que ofega ...
Para o silêncio,
Tende a boca,
Ouvejo-te, como, de tanto pensar-te,
Ver-te e ouvir-te na minha cabeça,
A fala rejeita.
( Morreram-me as palavras )...
Desfaz-se feroz o coração,
A certeza , rápida e lenta,
Cismar de olhos no chão,
Recolhem as letras, dispersas ...
Pouco a pouco... Apagando...
Morrem as palavras!

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